Perspectivas futuras Clínica Psicanalítica
11 de novembro de 2023

Perspectivas futuras Clínica Psicanalítica

Por Repórter

Albornoz relata em seu livro Psicoterapia com crianças e adolescentes institucionalizados (2006) uma situação de abrigo-residência, no Rio Grande do Sul, com condições muito mais favoráveis de acolhimento do que as que observamos no abrigo do qual se originam as crianças que atendemos. 2 Desenvolvemos a questão do desamparo no artigo “A inconstância dos laços afetivos na vida das crianças e adolescentes abrigados” (Altoé, Silva & Pinheiro, 2011). Não pretendemos com essa exposição do trabalho de outros autores contrastar as propostas apresentadas, analisando o atendimento realizado; buscamos assinalar a particularidade do trabalho e sua relação com a nomeação escolhida por esses autores para caracterizar o que consideram como uma especificidade de sua clínica. De maneira sucinta, podemos dizer que a inconstância dos educadores, a inconstância às sessões, as incertezas e demoras no encaminhamento de suas vidas, aliadas a uma história entrecortada por rupturas, separações e situações traumáticas, fazem parte do contexto que essas crianças enfrentam. Indo mais além, a inconsistência dos efeitos terapêuticos promovidos pelas medicações psicotrópicas e o alto índice de incidência das novas formas de adoecer (depressões, síndromes do pânico, distúrbios alimentares) mostram que os ideais contemporâneos não sustentam o discurso que buscam promover. É nessa situação que a psicanálise se revigora, tornando-se imprescindível como ponto de limite a esse discurso.

Tais questões demonstram uma realidade política e social oposta, podendo adquirir efeitos traumáticos quando se pensa pela via do desamparo a que é exposto o adolescente. Participaram deste estudo dez psicanalistas, localizados por conveniência, independentemente de instituição formadora, com experiência de um período mínimo de 10 anos de prática clínica no atendimento de pacientes adolescentes. Três participantes são do sexo masculino, e sete são do sexo feminino, sendo, do total, quatro médicos psiquiatras e seis psicólogos. Por vezes, as demandas que adentram a clínica psicanalítica podem se originar de uma necessidade do adolescente ou terem como origem uma necessidade do contexto social principal (família e escola), expressando alguma preocupação/queixa a respeito do adolescente. É comum que algumas manifestações da adolescência sejam recebidas com desconforto, necessitando, por vezes, da atribuição de um rótulo que normatize e padronize tais manifestações. Os critérios de diferenciação entre psicanálise e psicoterapia psicanalítica foram se modificando ao longo dos anos, acompanhando as diversas mudanças no contexto psicanalítico e na cultura, conforme apontadas no decorrer do texto.

Felizmente, a abordagem atual é bem mais ampla e sensível quanto àquilo que se propunha a buscar no início. Coloquei o acento no aspecto social, familiar, contemporâneo, mas me parece que continua muito válida aquela máxima de que tem que escutar cada adolescente que vem, e de onde vem, o seu sofrimento. Em outros momentos culturais, esses conflitos sexuais teriam outro tipo de solução. Eles não passariam com tanta facilidade para a ação, não teria essa passagem ao ato com tanta facilidade como curso psicanálise online uma oferta excessiva de uma sexualidade ou pervertida ou distorcida, oferecida como um produto de consumo acessível. Em casos possivelmente de uma escolha homossexual, algumas coisas vêm pelo adolescente, com uma demanda desviada, mascarada como ‘tem dificuldade para se relacionar’. E à medida que as entrevistas de avaliação vão prosseguindo, aparece essa questão, a dificuldade para se relacionar com o sexo oposto e o desejo de se relacionar mais intensamente com as pessoas do mesmo sexo.

Quais são as características da clínica psicanalítica?

Tanto que é comum obter como resultado o ganho da criatividade, conhecimento de si mesmo e alívio emocional. A Psicologia clínica se mostra diferente das demais abordagens por conta da atenção única dada aos pacientes. Por meio disso,  compreendemos melhor os conflitos experimentados por uma pessoa e também os seus anseios. E já que a demanda tem sido grande nos últimos anos, isso favoreceu o surgimento de terapeutas especializados em Psicologia clínica. Ao fim, você como paciente acaba se beneficiando e encontrando o que melhor possa te atender.

Qual curso fazer para ser Psicanalista?

Sendo parte da Psicologia, acaba por contribuir na prevenção, psicoterapia, promoção, avaliação, aconselhamento, diagnóstico, entre outras coisas. O que a diferencia de outras abordagens a observação individual que foca na escuta clínica. Algumas vertentes científicas concentram o seu trabalho em determinada demanda para que possa ser melhor atendida. Contudo, essa escolha acaba criando um movimento próprio e, por si só, originando outras abordagens tão frutíferas quanto a primeira.

A importância dos fundamentos psicanalíticos

Segundo o autor, a história da construção subjetiva do adolescente que avança sem maiores dificuldades nesse processo permite constatar o acesso a recursos de plasticidade do eu, fazendo com que ele possa recorrer a diferentes modalidades de navegação para atravessar tormentas sem naufragar. Não se trata de desconsiderar, portanto, a existência de conflitos na adolescência, mas sim, de constatar que, diante da fragilidade de recursos psíquicos, pode o adolescente submergir em padecimentos, tais como a depressão e as patologias do ato. Nessa perspectiva, trata-se de reconhecer a relevância e a necessidade de um espaço intersubjetivo no qual os papéis, necessariamente assimétricos, estejam bem definidos, e os limites possam ser exercidos no sentido de promover um processo de subjetivação adolescente no qual reconhecer a diferença se associe a fatores de cuidado e proteção. Concomitantemente às questões próprias das experiências do campo endogâmico e às novas possibilidades de configurações familiares, outro aspecto abordado pelos participantes é a temática dos limites, considerado fator ordenador e estruturante do aparelho psíquico.

Como não poderia deixar de ser, essa é, também, uma temática na clínica com adolescentes. Influências no processo de construção da identidade do adolescente advindas do contexto social, quando remetem a demandas intensas que impossibilitam um trabalho de metabolização ou de atribuição de significado, extrapolam a possibilidade de contribuir para um processo saudável de subjetivação, e constituem experiências de excesso. Lerner (2007) afirma que essas interferências têm relação com o conceito de trauma, na medida em que impedem que o indivíduo seja, que consiga conquistar o eu sou. Pode-se afirmar que essa dinâmica ocorre devido à existência de um cenário instável e falho no suporte parental, no qual as exigências sociais podem vir a incrementar dificuldades típicas da adolescência, repercutindo como excesso aquilo que o psiquismo não possui recursos para processar. Hornstein (2008) afirma que, quando há exposição a quantidades não processáveis de trauma, os efeitos são destrutivos, salvo quando, por meio de elaborações (individuais e coletivas), tais quantidades possam ser simbolizadas.

O que é Psicologia clínica?

Segundo Zimerman (2003), a escola constitui um espaço no qual a existência de problemas é inevitável, o que, por si só, não se tornaria algo preocupante. O autor considera que “problema, mesmo, consiste na inexistência da criação de apropriados espaços na escola, onde as distintas problemáticas possam ser ventiladas e debatidas” (p.17). A turbulência que é normal na adolescência é muito mal tolerada pela família, pelo adolescente, porque tem o reforço muito importante do contemporâneo de uma proibição de sentir sentimento.

Pensar sobre o seu fazer denota uma condição essencial para o exercício de uma prática efetiva bem como para a evolução da técnica. Nesse sentido, entende-se que ética e técnica são ações mutuamente implicadas. Outro aspecto da contemporaneidade que se faz presente, ao abordar a temática da adolescência, diz respeito aos recursos virtuais cada vez mais presentes e imprescindíveis na vida cotidiana. A virtualidade torna-se, cada vez de modo mais imperativo, outro campo exogâmico para o processo de construção da subjetividade. São irrestritas as possibilidades oferecidas pela rede mundial de computadores, dos sites de relacionamentos aos programas de mensagens instantâneas, todos maciçamente utilizados pela sociedade, mas, em especial, pelos adolescentes.